Poetisa sanjoanense, nascida na cidade fluminense de São João da Barra em 03 de abril de 1852, num casarão no largo do Moreira. Filha do professor Joaquim Jácome de Oliveira Campos Filho e Dona Narcisa Ignacia de Oliveira Campos, neta paterna do major Joaquim Jácome de Oliveira Campos e D.Rita Maria de Jesus e materna de Antonio Joaquim Garcia Pereira e D. Maria Celestina de Mendonça, estes portugueses da ilha de Faial, todos moradores da portuária cidade fluminense no século XIX.
Acompanhando os pais que se mudaram para Resende, a jovem Narcisa retirou-se de sua São João da Barra natal passando a viver na serra fluminense onde se casou duas vezes. A primeira ainda no encanto da juventude, com o artista mambembe João Batista da Silveira, que com sua alma aventureira não manteve o compromisso do casamento. O segundo casamento, já adulta, com o padeiro Francisco Cleto da Rocha também não foi bem sucedido fazendo o casal separar-se judicialmente anos mais tarde.
Se a vida conjugal da poetisa não foi das mais profícuas, o mesmo não podemos dizer de sua vida literária, marcada por glorias do Parnaso. Sua obra vigorosa, forte e marcante logo encantou a intelectualidade, que embora machista e preconceituosa, não lhe pode poupar os louvores. Seu livro de estréia, “Nebulosas” com poesias românticas bem ao gosto da época, foi ovacionado pela critica. Segundo o historiador João Oscar, conterrâneo e autor de minuciosa obra sobre a poetisa; o Imperador D.Pedro II em visita a Resende fez questão de conhecê-la e visitando-a sem a cerimônia do aviso prévio, encontrou-a em trajes domésticos na lida da padaria, o que ensejou o imperador anunciar-lhe que ali estava para lhe provar do pão do espírito. Na ocasião o imperador ainda lhe compôs um poema inédito.
Escreveu ainda, Narcisa Amália, poemas publicados em vários jornais da época e editou outros livros que citamos “Miragem”, uma lenda sob o título “Nelumbia” e o romance intitulado “O Romance da Mulher que Amou”. Trabalhou ainda no século XIX intensamente em favor da mulher, tendo publicado o livro “A Mulher do Século XIX” em 1892, livro que conclama as mulheres à luta por seus direitos inalienáveis, tendo ainda com sua poesia se integrado as causas abolicionistas e republicanas.
Narcisa Amália faleceu cega e paralítica na cidade do Rio de Janeiro em 24 de junho de 1924, vivendo de sua aposentadoria de professora primária.
A cidade de São João da Barra, seu torrão natal, passou a se auto designar “São João da Barra o berço de Narcisa Amália” por lhe reconhecer o título de filho mais ilustre.
HISTORIA CRONOLÓGICA
1852- Nasce a poetisa Narcisa Amália em 03 de abril, filha dos professores, D. Narcisa Inacia e Joaquim Jácome de Campos.
1858- Já lia corretamente tendo aprendido as primeiras letras no próprio lar.
1860- Começa seus estudos de música.
1862- Estuda latim e francês com o padre mestre Joaquim Francisco da Cruz Paula.
1863- Transfere-se com a família para Resende.
1866- Casa-se com João Batista da Silveira. Artista ambulante de alma livre que a abandona alguns anos depois.
1870- Publica sua primeira poesia, no jornal sanjoanense O Paraybano de São João da Barra, intitulada “A Lua”.
1872- Publica seu primeiro livro de poesias intitulado “Nebulosas”
1873- Recebe como homenagem dos seus conterrâneos uma Lira de ouro encimada por uma coroa de louros.
1874- Publica o livro “Nelumbia” de contos. Prefacia o livro de Ezequiel Freire.
1880- Casa-se à segunda vez com o comerciante de padarias Francisco Cleto da Rocha.
1884- Funda o jornal quinzenal “Gazetinha” de conteúdo feminista.
1924- Morre Narcisa Amália na cidade do Rio de Janeiro.