quarta-feira, 2 de maio de 2012

A SANTA CASA DE MISERICORDIA



A Santa Casa de Misericórdia de São João, fundada como diremos no século XIX, seguiu em sua criação os preceitos das outras existentes no país, que por sua vez instituíram-se conforme a Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, como nos informa Alberto Lamego na “História da Santa Casa de Campos” a pagina 113 “... Frei Miguel Contreiras foi o instituidor das Casas de Misericórdia.
Tendo feito o compromisso da Santa Irmandade, que havia de exercitar todas as obras corporais de misericórdia, educando os enjeitados, curando os enfermos, acudindo aos presos, dando pousada aos peregrinos, libertando os cativos, acompanhando e enterrando os mortos e sendo aprovado pela viúva de D. João II, D. Leonor, interessou-se ela junto ao seu irmão D. Manoel, rei de Portugal, para que fosse erigida a primeira Casa de Misericórdia.
A Irmandade Se Constituiu então, na capital do Reino, em agosto de 1499 e para ficar perpetuada a memória do fundador, nas suas bandeiras, foi mais tarde, pintada a sua imagem, seguida das três iniciais: F.M.I., que queriam dizer “Frei Miguel Instituidor”.
É esta a história da fundação das Santas Casas.
Quanto a Santa Casa da cidade, encontramos no Relatório do Presidente da Província João Pereira Darrigue Faro no ano de 1852, o seguinte – Casa de Caridade – Tendo a Assembléia Provincial reconhecido nas leis N° 406 de 28 de maio de 1846 e 432 de 05 de junho de 1847, a necessidade da construção de uma casa de caridade na cidade de São João da Barra, não se pode atender a essa obra pela elevada quantia (120.000$000) em que fora orçada. Sobre representação da mesa da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia daquela cidade, a mesma Assembléia o ano passado pediu a esta Presidência informações a tal respeito. Tendo-se mandado ouvir o Engenheiro Chefe do Distrito, apresentou ele novo plano e orçamento na importância de 33.493$520, como vereis quando vos for enviado o trabalho que ele me remeteu. Acho importante esta obra e digna da atenção da Assembléia, já porque São João da Barra é um porto notável e uma cidade populosa, já por que mesmo para o auxilio da edificação do prédio Sua Majestade o Imperador, como Protetor da Irmandade, a beneficiou com a esmola de 1,000$000.
 Já, a pia obra, segundo o Almanaque Laemmerth de 1905, Foi fundada em 29 de setembro de 1869, sendo 90 o número de seus fundadores. Possui 25 casas, inclusive o edifício onde funciona o hospital, sita a rua Dr. Cordeiro, esquina com da do Coronel Teixeira; três terrenos, oito apólices da divida pública no valor de 1:000$000 cada uma; e 15:000$000 em apólices do Estado do Rio. Sendo naquele ano administrado pelo Provedor  Dr. Eduardo Jose Manhães.
Secretário capitão Candido Jose de Andrade Ferreira
Tesoureiro Capitão Álvaro Moncorvo
Mordomos Capitão João Batista Alves da Silva.
O almanaque ainda nos informa outras diretorias como, por exemplo, em 1873;
Provedor Dr. Domingos Alves de Barcelos Cordeiro
Tesoureiro Jose Maria pereira Cardoso
Administrador da botica Manoel Ferreira da Silva Policarpo
Administrador do hospital Andre Ribeiro da Cunha Junior - Enfermeiros
                                      D. Rachel de Freitas Ribeiro da Cunha
Por outro lado já em 1874, ainda que o Provedor permanecesse o Barão de Barcelos, para o lugar de era eleito Manoel Jose Nunes Teixeira e secretário, João Gonçalves de Oliveira Bastos. Nesta época a cidade era assistida pelo Dr. Frederico Clarice, Dr. Domingos Alves da Motta Ferraz e Dr. Ladislau Jose de Carvalho Araujo.
Vale registrar que o primeiro médico que assistiu nossa cidade foi o Dr. Manoel Leite de Pinho Correa que aqui viveu em 1848, quando também havia na cidade o boticário Theodoro Ferreira da Silva Policarpo.  Já em 1851 a cidade tinha o Dr. Manoel Gomes de Oliveira Pinto, o Dr. Pinho Correa e homeopata Patrício Adriano Teixeira Mendes, que no ano seguinte foi distinguido com a Medalha de Sua Majestade a Rainha Victoria I . Em 1856, além de Patrício Adriano, atuavam Dr. Joaquim Antonio de Faria e Dr. Manoel Francisco Povoa Ferreira, ambos  sanjoanenses filho de Antonio Joaquim de Faria Sobrinho, o primeiro e de Antonio Ferreira Coutinho, o segundo. O boticário dessa época era Jose Antonio de Arahujo Gama Laranjeira.
No ano de 1860 passa a atuar outro Sanjoanense Dr. Manoel da Costa Camorim, formado em 1859, filho de Jose Francisco da Costa. Já no fim do XIX a saúde Sanjoanense muito deveu ao Dr. Jose Batista Costa Azevedo que por anos aqui atuou.
“Por outro lado o historiador João Oscar do Amaral Pinto, em sua obra magistral “Apontamentos para a História de São João da Barra” noticia tumultuada eleição ocorrida em 1938, noticiada no jornal “A Evolução” de 30 de outubro de 38: “ Controlando sem peias todo o movimento da Santa Casa, o seu tesoureiro perpétuo, a despeito do regime eletivo ali implantado, movimenta os quadros da irmandade a seu talante, de sorte que as eleições que ali se fazem são realizadas pelo cômodo sistema de favas contadas”. Os sócios da irmandade reagiram naturalmente: em 1939 com o apoio de expressiva parcela da população, formalizou-se uma chapa contraria à da situação, para o pleito que se realizaria na Santa Casa, e o resultado foi justamente o que se esperava.
A eleição realizou-se, é certo, sob o impacto emocional dos votantes, traduzido neste anuncio da primeira pagina de “A Evolução”. Para a eleição de hoje da diretoria da Santa Casa: “A Evolução”, cônscia de sua função social de tudo fazer em beneficio do povo, do qual, e para o qual vive, recomenda para a eleição de hoje, na Santa Casa de Misericórdia, a seguinte chapa: - Para Provedor Carlos Silva de Oliveira; para secretário Hugo Aquino; para tesoureiro Nelson Pereira; para mordomos Julio de Souza Valle Junior e Dr. Fernando Helio Pinheiro.
Com este médico também Sanjoanense, filho do Dr. Caetano Pinheiro, inaugurou-se um período de verdadeira benemerência naquela casa pia. As noticias mais recentes rememoram o período de provedoria de Adcyr Maia Correa e atualmente De Renato Batista, fatos que estão presentes ainda em nossa memória dispensando maiores detalhes.

Fernando Antonio Lobato

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