domingo, 1 de abril de 2012

O palácio dos Lizandro dos Santos


Era um verão dos anos 80, não me lembro qual; daqueles que faziam Atafona trepidar,quando aquela praia era referencial nos quesitos sofisticação, elegância, animação. As festas se sucediam: réveillon com Ana Márcia e Zé Lizandro, aniversário de Marília Aquino, almoços com Soninha Ferreira (a Banda do Peru), a boate Boga, serenatas nas varandas, gincanas no praia clube e etc., etc.
    Naquela noite, havia um jantar em homenagem a Carlos e Moema Magalhães oferecido por Ailton e Nidia Lizandro dos Santos no rico palácio de verão dos usineiros campistas na praia sanjoanense. Os filhos de ambos, Maria Eugenia e Luiz Carlos haviam acabado de casar.
    O Jantar, foi o que se pode imaginar de mais sofisticado e além das iguarias que não me ficaram na memória mas, sei, eram inigualáveis; o que mais chamava a atenção era a deslumbrante toalha de linho bordada, sobre a mesa enorme: éramos 18 sentados; e os talheres de prata com cabo de chifre de veado. Alias, a conversa inicial do jantar foi sobre os talheres comprados em Londres e presenteados a anfitriã pelo filho Francisco, a época já falecido. Com o faqueiro sendo depois ampliado por ela em viagem aquela capital européia.
A casa em questão, hoje só restam escombros, era a maior e melhor residência daquela praia. Cercada por altos muros de cor ocre, tinha a toda volta um verdejante jardim com coqueiros, bromélias e plantas exóticas. Com  alto e imponente pé direito, tinha por cima da grossa laje um charmoso telhado colonial.
    O acesso se fazia por um grande portão de madeira que se abriam para uma calçada de granito até a magnífica porta de entrada. Um elegante vestíbulo decorado com requinte e personalidade era o primeiro cômodo de onde se acessavam varias salas e saletas decoradas com motivos náuticos. Em seguida a imensa sala de jantar com um grande lustre chamado a atenção do ambiente. Os moveis e objetos denotavam o seu alto valor. Daí seguia-se para as áreas de serviço e a parte intima com as suas várias suítes e quartos para os donos e seus hospedes.
    No fundo a edícula com compartimentos de muitos empregados e as garagens com espaço para vários carros
    Construído sobre sólida estrutura de ferro e concreto o casarão foi plantado na dunas da praia com alicerces tão profundos que ultrapassavam 5 metros e sob a casa foi feito um subterrâneo com dependências de empregados.
    Alguns anos depois a areia invadiu a rua, tomou o muro acabando por destruí-lo e invadir a casa. O mar avançado em cada maré foi corroendo-a por baixo ao ponto de deixá-la com a metade suspensa partindo-se em duas como o “Titanic” e naufragando no mar.
Hoje resta a lembrança de uma época em que Atafona era a rainha do litoral e todos que importavam aqui vinham reverenciá-la.
PS Eu, como amigo de Carlos e Moema, tive o prazer do convite para esse jantar.
Nidia Lizandro com suas filhas Aspazia e Maria Eugenia na casa atafonense
  Fernando Antonio Lobato 

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