segunda-feira, 23 de abril de 2012

O CENTENARIO DO CONHAQUE DE ALCATRÃO


Muito se falou e muito irá se falar por ocasião do centenário da Industria de Bebidas Joaquim Thomaz de Aquino filho, produtora do Conhaque de Alcatrão de São João da Barra, primitivamente chamado de Cognac de Alcatrão da Noruega. Mas as nossas homenagens irão diferir das demais por lançar luz sobre a mulher responsável por este centenário empreendimento fabril.
MARIA JULIA AQUINO, nascida Maria Julia Lobato Neves, filha do Capitão Jose Lobato Neves e D.Julia Cruz de Oliveira, neta materna do rico Major Manoel Antonio Oliveira Cruz, um dos quatro sócios majoritários fundador da Companhia de Navegação São João da Barra Campos e sócio do Barão de Barcelos na Usina de mesmo nome.
Nasceu em São João da Barra em 25/08/1888 casou-se na matriz de São João Batista em 1903 com Joaquim Thomaz de Aquino Filho, filho de D. Carolina Sá e Tenente Joaquim Thomaz de Aquino. Tiveram 23 filhos e um adotivo.
Tendo saído da casa paterna para se casar, o inicio da vida de Maria Julia foi muito difícil, criada com luxo e conforto, teve que assumir não só a administração da casa como auxiliar o marido no “Café Central” anexo à casa de residência. Não faltam registros dos sanjoanenses da época que testemunharam-na tocando com as próprias forças a moenda do caldo de cana existente no estabelecimento. Mulher de fibra e têmpera criou com amor e pulso os diversos filhos, segundo contam não atravessava o batente da porta do quarto sem estar grávida e neste estado viveu quase que toda a sua vida, sem que com isso tivesse deixado um momento sequer de auxiliar no empreendimento familiar.
Foi nos testemunhos dos conterrâneos da guerreira matriarca que fomos buscar ainda a informação da importância desta mulher no processo de fundação deste centenário estabelecimento. Pois segundo consta, foi na sua cozinha onde se prepararam os primeiros frascos do poderoso Cognac da Noruega. Foram nas suas panelas que se misturaram os primeiros ingredientes do miraculoso cognac muito recomendado para quem sofria de tosse e problemas pulmonares.
Conterrânea de outra grande mulher, a poetisa Narcisa Amália, Maria Julia embora tendo falecido relativamente jovem em 02/ 05/1939 aos 51 anos, deixou junto com seu marido, um legado não só para sua família, mas para toda a cidade de São João da Barra, uma vez que com o desenvolvimento dessa industria iniciada de forma caseira em sua cozinha, e com o declínio econômico do porto a cidade encontrou uma forma de minimizar o impacto do baque econômico que sofreu.
No período mais critico da economia de São João da Barra, que vai de 1918 com o fechamento da companhia de navegação até o inicio dos anos 80 com a descoberta do petróleo em nossa região, foi a Industria de Bebidas que alimentou muitos sanjoanenses e era o apito desta mesma fabrica o norteador da sociedade sanjoanense. Ainda hoje quando novos horizontes descortinam-se na cidade, é ainda a Centenária industria um ponto de referencia e orgulho para nossa gente. Hoje totalmente remodelada e modernizada, caminhando para a quarta geração da família, é orgulho de nossa cidade que engalanada festeja tão venturoso centenário. As mulheres de São João da Barra, nobres descendentes das índias Goytacazes,  Olham para nossa historia e se orgulham de ter em nosso panteão uma heroína do quilate de Maria Júlia. E através dela homenageamos e agradecemos todos os seus descendentes.

P.S. Este texto foi escrito em 2008 por ocasião do centenário da Industria Sanjoanense.

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