quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Conheça Eleacir Cajueiro, o grande homenageado do 2º concurso de Marchinhas de São João da Barra




Futebol e carnaval sempre foram duas das grandes paixões do brasileiro. Para o sanjoanense Eleacir Cajueiro esta premissa é mais que verdadeira. Um dos maiores centroavantes da história do futebol sanjoanense e campista, além de ser um dos mais renomados compositores de marcha-rancho, samba e música popular, é o grande homenageado do 2º Concurso de Marchinhas Carnavalescas de São João da Barra que tem patrocínio da LLX e da OSX, empresas do grupo EBX, além do apoio cultural da prefeitura de São João da Barra e do Portalozk.com. A homenagem acontece durante a final do concurso, na próxima sexta-feira (10), às 20h30, no Cine Teatro São João.
Com 74 anos, Eleacir – há 20 anos mora em Campos e veraneia em Grussaí – não perde a oportunidade de assistir na avenida à sua escola do coração, O Chinês, agremiação a quem dedicou praticamente toda a sua vida – inclusive lhe passou a possibilidade de pedir demissão da Fábrica de Conhaque, onde trabalhou 28 anos, para pegar a rescisão e comprar material para a bateria na época em que a marcha-rancho dava lugar ao samba-enredo, fato desnecessário por ter conseguido pouco a pouco com pessoas influentes ligadas ao Chinês. De uma família de oito irmãos – todos torcedores ávidos de O Chinês – seguiram a predileção de sua mãe, Dona Amélia, ficando apenas seu pai, Antônio Ernesto, como torcedor do Congos.
Campeão de Futebol Amador pelo Fluminense de São João da Barra – passando também pelo Sanjoanense, bicampeão campista e bicampeão do Estado pelo Rio Branco, Cajueiro compôs a “Marcha do tricolor” numa referência ao tricampeonato do Fluminense de São João da Barra. Além dessa, compôs “A lenda do arco-íris” junto com Paulo Abreu, “Penacho de Guerreiro”, “Capim gordura pro boi formoso”, “O retrato do velho”, entre outras dezenas de marchas-rancho.
“Congos ou O Chinês não podia vacilar que viria zoação em forma de música. A maioria das minhas marchas era para sacanear diretamente os congoleses, assim como eles faziam com a gente. Eu compunha, fazia arranjo e ainda cantava. Música pra mim tem que estar na alma”, conta o autor da famosa marcha chinesa “A resposta da Gargalhada”, composição que servia de resposta à marcha-rancho “A gargalhada” do poeta sanjoanense Manoel Barreto Gomes da Silva, o Barreto Sapateiro, um dos fundadores do Congos.
“Lembro-me bem quando Barreto cantou a sua marcha pra mim. Éramos amigos, apesar de ele já ter certa idade. Realmente eram letra e melodia lindas. Ele ainda desafiou a família chinesa a responder, como era de rotina na época. A Gargalhada imperou por muito tempo e, só depois de quinze anos, resolvi encarar o desafio. Pena meu amigo não ter visto tal feito”, recorda Eleacir.
Organizador de quatro Festivais de Música em Grussaí, participante dos Atos Variados nas peças teatrais, cantor de coral, fundador do Trio Miramar, músico da banda Pedro Ferreira e seus Playboys, criador também dos grupos musicais “Os invencíveis Brasa”, “The Panther” e o grupo “Vegas”, Eleacir Cajueiro marca também sua história no carnaval de São João da Barra quando lança o primeiro samba-enredo “Uma rosa com amor”, em 1976, causando uma verdadeira revolução cultural dentro da própria agremiação O Chinês, como, a partir dali, as marchas-ranchos, causadoras de tantos conflitos e brigas entre as duas escolas de samba rivais, dariam lugar ao samba. O homenageado conta que este primeiro samba foi puxado por ele num corcel com alto-falante.
“A letra é inspirada na não violência. Os turistas estavam deixando de vir para São João da Barra porque a pancadaria era enorme. Quando vi minha irmã Arciléia com um curativo enorme na cabeça, vítima de uma pedrada, era hora de dar um basta. Encontrei muitos desafetos da ideia, inclusive dentro da minha agremiação, mas também recebi apoio. Era um desafio porque agora teria que montar uma bateria”, ressalta Cajueiro, relembrando que os compositores do Congos fizeram um samba respondendo ao seu e, novamente, foi dada a resposta com o samba-enredo “Cicatriz”.
Folião por diversos anos do Bloco Indianos e da tradicional Banda Maluca é de Eleacir a célebre epígrafe: “quem tem olho grande não entra na China”.

HOMENAGEM A EZINHO –
 Nesta segunda edição do Concurso de Marchinhas o público poderá votar na final e o ganhador da apreciação da plateia vai receber R$1.500,00 do Prêmio Especial “Ezinho” numa homenagem a Manoel Rangel da Silva que aos 13 anos, precisamente em 1942, já era músico da tradicional Banda Maluca, e, aos 30 anos, assumia o posto de Maestro, função que desenvolveu por 44 anos consecutivos. A Banda Maluca é uma invenção do carnaval de São João da Barra, como tantas outras maluquices. Compõe-se de dezenas de pessoas das mais variadas profissões, onde rareiam os músicos, que levam instrumentos novos e velhos, em uso ou desuso, e cada qual toca como pode ou como sabe. Os sons saem confusos, enquanto espoucam os pratos, rufam os tambores, batem os bombos, tudo na maior confusão, tudo na mais lírica forma carnavalesca.


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