Nossa historia está, desde o seu nascedouro, ligada por caminhos de água. Nossos primeiros habitantes, os goitacazes, beneficiavam-se da região de pântanos e manguezais para desenvolverem uma comunidade lacustre vivendo do sustento retirado das águas.
Bem mais tarde, por mar, desembarcou em nossa costa o donatário Pero de Góis com a incumbência oficial portuguesa de colonizar as fozes dos importantes rios que banham a região. Não augurou sucesso.
Em 1622 um grupo de pescadores oriundos de Cabo-Frio aportou na foz do Paraíba com suas canoas, depois de percorrer toda a costa de lá até cá iniciando uma povoação que redundou na fundação de São João da Barra, em historia já bastante conhecida.
Em todas as situações, como vimos, a água, enquanto via, sempre foi uma constante.
Chegou-se ao século XVIII e com ele a região transformou-se em importante pólo açucareiro, notabilizando-se como sustentáculo da economia nacional, quadro que percorreu também o século XIX.
Com a modificação da economia, novamente São João da Barra utilizou-se da água para o transporte dessa riqueza enviando-a para a Europa de onde trazíam outras riquezas para o desenvolvimento do norte fluminense.
Foram anos de progresso e desenvolvimento relacionado a esta via fluvial ligando a região ao resto do mundo, através de um movimentado porto.
Para se aquilatar a importância desse porto basta notar que se falavam ao mesmo tempo diversos idiomas, foram instalados consulados e delegações estrangeiras, surgiram estabelecimentos dos mais sofisticados e modernos produtos, como marco da diversidade de gêneros e pessoas que dele dependiam. Foram anos auspiciosos que, pouco a pouco, se extinguiram, levando a cidade ao declínio e decadência.
Mas a historia, já diziam os antigos, é cíclica e estamos fadados à repetição de nossos passos num incessante “moto perpetuo” de forma que, hoje inaugura-se mais uma fase desse contato permanente com a água, fazendo dela o caminho das esperanças e dos anseios da gente da cidade.
São João da Barra vive na atualidade, as expectativas que seus antepassados viveram outrora. O complexo portuário do Açu, concebido inicialmente para escoar a produção mineral do complexo EBX, mas que traz em seu bojo um conjunto de empresas, coloca a cidade novamente como porta de saída e entrada de muitos empreendimento e negócios. Retorna-se ao período de economia portuária, não mais com um porto fluvial de cabotagem, mas um superporto marítimo que colocará a cidade em contato com o distante oriente para onde se estará, qual Marco Pólo das historias fantásticas, enviando e recebendo lucrativos e importantes negócios.
Ave Netuno, que suas águas sejam sempre auspiciosas e que sua proteção possa nos conceder um porto tranqüilo onde a esperança seja a porta de entrada. A historia da cidade agradece.
Fernando Lobato
Historiador
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